quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Quando rezar começa a incomodar a Europa



Quando rezar começa a incomodar na Europa



(...) começa a ser VERDADEIRAMENTE preocupante o modo como o islamismo se manifesta através dos seus crentes, nas sociedades que por tradição e abertura cultural reconhecem a liberdade religiosa. Começo, também eu por estes testemunhos, a reconhecer nestas manifestações actos de uma deliberada provocação aos valores à cultura e mentalidades ocidentais nas sociedades democráticas. O entendimento que os islamitas fazem da sua religião desafia e desrespeita  literalmente, pelo menos nos seus comportamentos públicos, um dos pilares basilares da nossa cultura de sociedades republicanas, a laicidade do espaço publico instituído como o lugar de todos.  Neste caldo cultural que o pós guerra estimulou abrindo pela tolerância a construção de sociedades multi-culturais não pode,o Islão, sob nenhum pretexto, por em causa esta laicidade que tem possibilitado a construção das Instituições do Estado baseadas no direito e no seu escrutínio.

Não podem, alguns muçulmanos, aproveitando-se dos supremos valores da tolerância e da liberdade democrática pretender impor a suas praticas religiosas ao espaço publico de todos os cidadãos, adulterando por completo a ordem publica e desrespeitando as demais comunidades. Existem para o acto de religação com o transcendente, templos designados onde a liturgia das distintas religiões deve manifestar-se

Mas o mais grave e preocupante destas exposições, cada vez mais acintosas, do islamismo é a percepção de que estes actos são a expressão, por enquanto tentativas de desrespeito à natureza laica dos estados democráticos, de um desígnio (expansionista) do Islão para impor a sua visão do Mundo nas sociedades de acolhimento do Ocidente. Daí que estes comportamentos condenáveis e contra os quais o Estados e os restantes cidadãos se devem mobilizar, sejam sobretudo, defendidos pelos muçulmanos como preceitos da lei islâmica, a Sharia, que um (bom) muçulmano não pode nem deve deixar de cumprir, sob pena .... e é por esta via, da intimidação pública, que (parece) fazer parte de uma estratégia, ou não, para ganhar o Ocidente, que o Islão, vai confrontando e em alguns casos, como em França, minando os princípios do Estado Social, com a pratica da poligamia.

Nem todos os muçulmanos, mas muitos deles, vem nesta visão islâmica da família uma possibilidade de exploração do estado social democrático: dos seus abonos e da sua assistência que, apanhado de surpresa por esta realidade (importada) tem na legalidade uma deficiente defesa contra estes oportunistas, que vivem sem trabalhar à sombra da generosidade do Estado e da solidariedade dos cidadãos pela via dos impostos. É evidente que estão à margem de qualquer planeamento familiar, contra o qual se insurgem legitimados pelo Corão. É deste modo que, a França, o país dos direitos e liberdades do Homem, se vê constantemente envolvida em conflitos e ameaçada pelo islamismo mais radical, também no seu estado social que, ainda hoje, e até quando ???, (apesar dos efeitos da globalização sobre esta histórica conquista) é a expressão política mais redentora que alguma vez emergiu na história dos homens como solução para proteger os mais desfavorecidos das desigualdades e injustiças sociais.

Não vai ser fácil impedir esta escalada cada vez maior e mais intensa contra a ordem social laica por parte do islamismo. Mas é preciso actuar com determinação no impedimento de praticas de subversão da ordem publica e da liberdade dos cidadãos, legitimadas ou não pela religião, seja ela qual for. O espaço publico é a "ágora" onde a liberdade se manifesta em ordem e respeito pelas diferenças de todos. Qualquer manifestação, expresse ela o que expressar, não pode adulterar a ordem democraticamente consignada e a liberdade dos cidadãos. Por isso, no respeito de todas as liberdades, deve de ser condicionada a um tempo e a um espaço previamente definido. Só assim, no uso do seu direito em liberdade, legítima aqueles que se manifestam e, cuja expressão pretenda louvar Alá ou outra qualquer divindade que assiste outras religiões.
É assim que nós (os estados democráticos e laicos) entendemos que deve expressar-se o direito e a liberdade de manifestação. É assim que, os muçulmanos, enquanto cidadãos destes estados o devem entender.
E portanto, é nesta perspectiva e, sem contemplações, que lhes devemos fazer sentir a força do Estado quando entendam subverter esta expressão da ordem democrática republicana e laica. A Sharia representa uma outra organização das sociedades e do Estado que a civilização, a nossa rejeitou. Aqui, na Europa, as sociedades organizaram-se com base no direito romano e como religião impôs-se a religião católica. A partir da revolução francesa a evolução politica faz no sentido da construção de estados de direito, laicos e democráticos em que vivemos hoje.
Em minha opinião, sem exacerbar as hostes nacionalistas, xenófobas e racistas, igualmente perversas para a liberdade e as diferenças que devemos continuar a respeitar e, porque estes testemunhos são um sinal dos tempos, creio que também devemos, desde já, em Portugal, estar atentos a fenómenos de islamismo radical, que como, em alguns países da Europa, aqui possam surgir.

Abraços e Beijos

f.

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Rui Unas e a sua "palhaçada" com pretensão a humor.


(...)a meu ver o mérito desta "brincadeira" reside no excelente e difícil, penso eu, trabalho de sincronização. O texto é uma aberração humorística. Que falta de imaginação. Que vulgaridade. Neste texto não se troça de nada: nem das opções pedagógicas da política de educação, nem das escolhas efectivas para implementar essa política. E muito menos se fala da tão polémica necessidade da educação sexual nas escolas. não porque os adolescentes não saibam como agarrar-se e estimular com prazer as suas zonas erógenas, porque essa experiência, é tão natural, passe a publicidade, como a nossa sede.


A fisiologia do sexo, se não houver inibições o mutilações impeditivas, despertará, neles e nelas as "comichões" e convidará às "transgressões" dos altares, até então, virgens dos jovens descobridores dos prazeres de Eros. E se as expectativas, por qualquer fantasia sonhada, ou “comparada” não se cumprirem , alguma cumplicidade terá nascido entre eles e elas, que fará com que busquem, e aprendam como construir o seu prazer sexual.

Se o propósito da, educação para o sexo, fosse substituir a natureza e o instinto sexual era não só, do meu ponto de vista, uma aberração pedagógica e, mais grave ainda, seria uma intromissão nas manifestações mais íntimas do individuo, e uma tentativa condenável e perigosa de "formatar" por teoria a abordagem sexual dos adolescentes, inibindo e conflituando com as idiossincrasias sexuais e emocionais, e com a liberdade dos indivíduos, rapazes e raparigas, no seu direito mais elementar à expressão e realização livre da sua sexualidade.

Mas descansemos que, tanto quanto eu sei pelo anuncio e pelo debate à volta deste programa a educação proposta visa sobretudo:
-na sua pedagogia, dar a conhecer, numa abordagem sumária a anatomia dos órgãos  sexuais, cuidados e higiene.
-uma fisiologia da sexualidade que incide sobre o estímulo sexual e os seus efeitos.
-uma ética das relações e da sexualidade
-e o que penso ser o item mais desenvolvido e que versa sobretudo a prevenção das doenças por transmissão sexual.

Porque é exactamente pelas consequências que o aumento exponencial das relações sexuais tem tido na transmissão de doenças graves que, a necessidade de uma pedagogia para a sexualidade apareceu e passou a integrar o processo educativo nas escolas, com todas as resistências e malformações que todos conhecemos. Mas que independentemente de se concordar, na prática, com as respostas, tem mérito por si só como iniciativa. E isso é uma outra questão que não é objecto deste meu comentário.

O objecto deste texto é o humor, pelo humor, a palhaçada do Rui Unas, exposta em vídeo, resultado de um preconceito político ou pior, pretender dar sinal de si, para não cair no esquecimento como "humorista ???" e produzir chacota, palhaçada, em vez de humor.

A mim sempre me disseram que o humor era uma forma superior de critica precisamente porque é como o dois em um: elucida e faz rir ou sorrir. Mas humor não é boçalidade. Não é, como neste caso referir uma já estafada felação, pelos canais e revistas de sexo, pelos filmes porno, e até mesmo pelos consultores que proliferam nos áudio-visuais em rubricas, algumas pseudo pedagógicas, sobre a distintas e mais arrojadas performances sexuais. Acreditam que um felattio, vulgarmente um broche, pode surpreender a maioria dos adolescentes enquanto prática preliminar da sexualidade ??? e que os tabus relativos a estas e outras performances por força da sua actualidade já não se estilhaçaram e constituem (agora) apenas a sombra de um fantasma da moral em grupos de adolescentes, e  de adultos mais conservadores???  Se este humorista??? pretendia ver reconhecido o valor sexual desta pratica para o êxtase da relação em nada contribui. 
O seu contributo não é (para mim) nada engraçado.

 No seu afã de reduzir a educação sexual à felação seria interessante com criatividade explorar humoristicamente a situação como exagero da pedagogia do programa do governo de educação para a sexualidade. Pobre, ficou-se pelo acto de chupar. Isto é; ficou-se sem graça pela repetição exaustiva do acto de chupar  e lamber que de vez em quando lembrava que tinha que ser muito e bem. Espero que não tenha ficado cansado e que tenha ele próprio apreendido com a suas leções (não lições) de chupa-chupa.

É óbvio que com detractores assim e ainda por cima com a pretensão a fazê-lo com humor não há iniciativa politica, esta ou outra que por mais controversa e mal concebida que seja não ganhe adeptos. Ou no mínimo estimule a discussão salvando-a da indiferença. O exemplo é este meu comentário que, provavelmente, não teria sido escrito se o mau gosto desta peça não me acicatasse a critica.

E tu Zé desculpa se com o envio deste vídeo não me provocaste o riso mas o escárnio.

f.

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Paulo Coelho; uma visão sobre o Corpo Feminino


Uma Visão de Paulo Coelho sobre o Corpo Feminino, que é possível constatar a partir deste link e sobre a qual entendi escrever um comentário.

https://docs.google.com/present/edit?id=0AbuocLTmgvFZZGZiemNxM2NfNDU4a3FkM2hr&hl=en


O Corpo Feminino por Paulo Coelho;  para mim uma visão redutora da mulher como objecto sexual na perspectiva do escritor  Paulo Coelho. E não me estranha este tipo de discurso reaccionário disfarçado de bondade e solidariedade. Em boa hora que depois de ler um , creio que o primeiro, dos seus livros, O Alquimista, me elucidei desta enganadora natureza do Homem e do escritor, "rebuçada", nem sequer com uma eloquente prosa, mas com as muitas palavras que um escritor conhece, para em sugestivas propostas ao mesmo tempo sedutoras, explorar as fraquezas humanas evidentes nas sociedades actuais: solidão, desorientação, incompreensão dos tempos, embalando os seus leitores, salvo seja, em propostas para a aceitação resignada de um destino particular que, parece querer fazer acreditar-nos que vem com cada um de nós, como uma marca na auréola em qualquer produto de mercado, para atestar o seu criador.

E agora vem propor-nos um modelo feminino de mulher, assente numa anatomia de guitarra, curvilínea, e proporcional. Diz este sábio "as magrinhas são uma invenção de estilistas gay que odeiam as mulheres que com eles competem", mas que sentimento mais distorcido. Então e aquelas que por natureza nada fazem para ser magras e são??? ... só por acaso, na enviesada perspectiva deste escriba podem ser belas??? E não lhe ocorre que existem outros homens que gostam da feminilidade e sensualidade nas magras e que lhe encontram a proporcionalidade que remata em beleza, sem recheios e curvas balzaquianas ??? E então, o que ele diz sobre as saias!!! Que foram inventadas, incorporem-se nesta ideia, para que as mulheres deixassem ver as pernas. Para este paradigma as saias das muçulmanas não contam. Nem as das ciganas. Nem as das indianas. Que, só deixam ver as pernas em dias de ciclone. Tolera-se, esta perspectiva mais cristianizada do objectivo das saias, que é a sua. Se o (seu) Deus assim o quis!!!

Para mim que sou de História, nunca me foi servida tal perspectiva. E ainda bem que não estive exposto a esse perigo. Noutras perspectivas creio que objectivo primeiro das saias foi o de proteger a nudez contra as intempéries. A questão moral só chegou mais tarde. E esta de ordem estética chegou-me agora no séc. XXI. Quando eu já sou homem.

Questiona-se Paulo Coelho, nesta sua elevada reflexão, porque optam as mulheres pelo uso das calças quando poderiam vestindo saias sensualizar a sua aparência para os homens. Meu Deus, que sou ateu, quanta estreiteza de espírito e quanto machismo. Então as mulheres vão deixar de sentir-se confortáveis, protegidas do frio, de estar em concordância com a sua opção estética, apenas porque existem homens a quem devem mostrar as pernas porque, em parte, é esse o desígnio deste "bocado" da sua anatomia.Sensualizar os homens.

Mas vai mais longe, o escriba destas ideias, nesta sua bondosa apreciação acerca do modelo feminino ideal, que não se esgota na sua mortal predestinação de agradar ao homem. Esvaziada da sua vontade a mulher, tem no homem, o seu derradeiro objectivo estético, o seu modelo de imitação. Por isso quer assemelhar-se a ele. Tenho pena de discordar mas continuo a não ver grande semelhança entre homens e mulheres vestidos com calças. Distingo-os na perfeição. Até de olhos fechados, só pela vibrações.

Depois deste raciocínio, nós os homens podemos descansar porque não se vislumbra nestes desvios comportamentais das mulheres, nenhum de índole, reivindicativa, e muito menos revolucionária. Deus não dorme e por isso podemos estar descansados que estes "caprichos" da fêmea, não ameaçam a nossa masculina influência nas regras da organização, direitos e deveres das sociedades. Sobretudo naquelas de língua portuguesas. Já que é este o idioma em que o iluminado Paulo Coelho escreve.

Nesta certeza catedrática de demonstrar a bondade do seu modelo feminino esqueceu-se este iluminado escriba que existem mulheres que também gostam das pernas de outras mulher. E não só!!!E para quem é indiferente, literalmente assim, que os homens olhem ou não para as suas pernas. O frissom vêm de outros olhares e por outros caminhos.

É assim que disfarçado com a eloquência das palavras, se percebe, a ideia de que o objectivo da criação da mulher, por Deus, foi para (prazer) do Homem. Assim sendo, afirma este iluminado que: "a mulher é a prova de que Deus existe". Então e o Homem é a prova de quê ??? Da encarnação de Deus. *oda-se

Justifico esta exclamação porque teses como esta servidas de evangélicas bondades, têm o perigo de ser "engolidas" por alguém (por muita gente) e disseminarem-se como verdades. Porque insisto, disfarçadas de boa vontade, enfeitando a crítica de divinos propósitos, revelam princípios que utilizados em outras matérias da nossas vida social e politica podem, não diria por em causa, mesmo nesta imperfeitíssima democracia, a liberdade de expressão, mas intuo que dariam mais força a muitos defensores de entidades modelares que devem no seu entender constituir o farol dos tempos contra a pluralidade das ideias que vieram com as democracias e cuja liberdade confunde muita gente.

Por fim e ainda acerca deste PPS, montado a partir desta ideia do escriba Paulo Coelho, atestar que na sua alucinada visão sobre a mulher um raio transgressor de lucidez levou-o a dizer que " a doçura feminina é equivalente a mil viagras" e que eu sublinho, mas  acrescento, sem desprimor para o Viagra, na defesa dos homens, sobretudo dos mais velhos e outros afectados pela "ociosidade" do órgão, chamemos-lhe assim, para não ferir sensibilidades, que o futuro e o destino não conhecem. Faço-me entender!!!

Beijos e abraços
f.

domingo, 22 de agosto de 2010

Ás voltas na cama; monólogos de olhos fechados II

Era assim que "rezava" numa das colunas de opinião daquelas revistas que servem para aquietar o paciente nas salas de espera de qualquer consultório: “Amar não é apoderar-se do outro para nos completar, mas sim dar-se ao outro para o completar, retesei-me na cadeira como se inesperadamente me tivessem anunciado que não iria pagar aquela consulta porque uma "enorme generosidade" tinha, naquele dia, invadido por transcendente vontade aquele profissional da medicina. De imediato me dei conta de quanto era  ilógica e inplausível esta sensação associada aquela ideia sobre o que é amar. A razão ao nível a que nos habituámos a usá-la não comportava atitudes de tão grande desprendimento. Mas a ideia "romântica" era desafiadora da imaginação e atrevia-me, por contágio, a pensar como seria se inesperadamente estes impulsos de "desprendimento material" se impusessem ao espírito alguns dias por mês.

Imaginei a transformação desta Ordem Mundial. Os seus diferentes estádios.
Que hábitos abandonaríamos primeiro??? Quais os consumos que, no imediato, seriam mais desvalorizados??? Quais os princípios humanos que deixariam de ser apenas postulados de reflexão e estruturariam uma ética que privilegiaria comportamentos solidários ante qualquer natural proposta de competição que excluísse os menos apetrechados.

Sacudi-me. E a Razão contrariando a intensidade do devaneio "puxou-me" para dentro da realidade: uma sala, onde outros senhores doentes, como eu, sentados numa cadeira, esperavam ansiosos a vez, a sua, para confidenciarem ao clínico as suas mágoas ou as suas alegrias.

A auxiliar do médico fez soar na sala a sua voz, anunciando a vez de uma Srª Odete  e, com isso "trouxe" o meu olhar para o exterior. Constatei que  tal  como quando havia chegado à sala de espera, toda a gente, continuava  consigo mesma. Baixei os olhos e confrontei-me com a mesma coluna onde a frase que me levou ao "devaneio" sobressaía anunciando o principio do fim do desencontro amoroso que vem com a dialéctica dos afectos, e que durante uma relação amorosa tantas vezes se questionam.

Mas era inegável que a frase soava bem. E vendia!!! Representava uma perspectiva altruísta da relação amorosa. Mas não passa de um cliché. É um pressuposto muito generalista e "doutrinário" e que serve qualquer relação seja qual for a sua Natureza. Ninguém se sentirá mal se em qualquer relação cumprir este princípio.
Mas, no meu entender, não é por certo essa orientação da relação que mantém o interesse e a atracção dos enamorados. Não há fórmulas para o amor, lato senso. Defendo eu.
Nesta relação particular entre as pessoas que pressupõe alguma "perda voluntária" da vontade, é esse um dos sinais do enamoramento, não existe, pelo menos nesta empolgada fase, uma presença igualitária para a Razão e a Emoção, (o sentimento).

Nesta perspectiva, acredito que a permanência dos amores está muito mais ligada às emoções, latentes e vividas, e às expectativas criadas durante o  enamoramento, do que a qualquer projecção de um futuro, mais ou menos possível de realizar. Depois (...) é um processo de ajustamento e aceitação mútua à presença do outro, tantas vezes, reflectido e questionado nos desencontros.

Um balanço constante, baseado nos (ses) que nos infundem dúvidas e que nestes contextos de vida nos perseguem sempre. E ainda bem.
É um sinal de que a inquietação tem ainda alguma vitalidade no nosso espírito e é por ela que a "vontade" do prazer renovado nunca deixa de nos "assediar...

Desta vez foi outro o sentido que me chamou para o "real". A tal voz tinha feito soar o meu nome dentro da sala de espera.

f.

domingo, 15 de agosto de 2010

Às voltas na cama; "monólogos" de olhos fechados I

Il pensiero
Mes chers amis... findo o repasto deste “rotineiro” encontro, sobreveio como sempre, alguma conversa para deitar fora, empurrada pela quantidade de comida deglutida a meias com  ar onde o prazer se expressava em onomatopeias incompletas porque a avidez era grande e não concedia pausas à palavra.

Respondi como podia ao intertêm durante alguns minutos, concentrando-me no momento em que cairia bem, sem ninguém dar por isso, a mentirinha como pretexto para abandonar, apenas por uns minutos, sem precisar quantos, a balbúrdia de conversas que se chocavam no espaço de 2 metros quadrados, em perguntas e respostas e sims e nãos, quando era evidente que aquela reunião não se podia estender, para a maior parte de nós, para além da mesa - a suprema justificação para a permanência juntos.

Fuji dali. E com o tédio por companhia, abri a máquina e sem objectivo a que me dirigir, fui abrindo e fechando ficheiros, no acto mecânico para prender a atenção. Foi assim que neste matar de tempo encontrei algumas fotos que "fixaram" Paris em Dez de 2008 e que atestam o meu último "filrt" com esta cidade com que namoro sempre que posso. A soçobrar nesta apatia por dentro de um tempo morto, ressuscitei à vista destas digitalizadas "memórias de Paris": As fotos de Dez de 2008.

Incorporei-me. Pressenti que a atenção "acordava" concomitante à interacção que se establecia com a máquina. Olhei com mais atenção as fotos e pressenti a força da memória, das memórias, que me arrastavam para a dimensão passada do tempo, contra o qual o inexoravél presente nada pode.

Neste esquizofrénico momento, sem nostalgia, embebi-me deste passado recente e fiz um apoteótico remake daquele namoro com Paris. No “dispaly” da máquina os pixeis continuavam ordeiramente unidos, tal qual a ciência óptica os tinha fixado a mando do meu olhar, das minha impressões, quando nos encontramos nesse Dez de 2008 .

Puxei pela memória para que todos os detalhes fossem (re)vividos -os elementos, as cores, a temperatura, a nossa envolvência- e cumpriu-se esse adágio popular para quem; recordar é viver.

Dei-me conta com esta "revisitação" que não tinha "colocado", este passado, tal como já fizera a outros, na rota da "eternidade". Terei, certamente, contado sobre ele. Das alegrias que tive, terei levado parte a outros. Mas não o partilhei. Não o embebi desta Natureza, que é a da partilha, e que vem com o acto de contar experiências passando emoções vividas. Apenas as tinhas comunicado. Senti que estas memórias reclamavam o seu estado de perenidade que se faria pela sua nidificação nas lembranças de outros. As dos mais queridos.

f.




domingo, 8 de agosto de 2010

As Mulheres

As Mulheres

(...) em tempos os homens abriram a caixa de Pandora, libertaram o contraceptivo oral, e despromoveram o preservativo. Com os eventos da ciência e da tecnologia, o Mercado cresceu e exigiu mais braços. E as mulheres desafiaram as mentalidades (masculinas), que não resistiram à ideia de que a vida, a das suas familias, poderia melhorar com o seu trabalho, pensavam, apesar dos riscos.

Depois ... a Natureza feminina revelou-se uma insuspeita aliada na senda da sua emancipação. É uma outra Natureza. Humana. Por vezes, muito humana até. Sem dúvida. Generosa, forte, com enorme capacidade de sofrimento. Paciente. Inpregnada de lições de vida. Astuta. E sobretudo credora dos nossos maiores afectos. Indubitavelmente, as mulheres são, alguma vez, o objecto maior das paixões masculinas.

Agora, rendidos a estas evidências que, com os Tempos, perderam o pudor de se afirmarem, (elas) esteriotipam-nos a partir de modelos de performance sexual. Aí estamos nós à sua mercê, no afâ de corresponder, aos seus elaborados apetites e aos ditames de uma Natureza de quem somos aditos, não só mas também, pelo sexo, à espera que a barriga não nos cresça, a calvice não seja precoce e o Viagra não nos falte e não nos falhe, na hora em que o estimulo do desejo necessita de ser "puxado" do sítio onde nasce para o lugar da sua sexual representação que, em todo o seu explendor, pleno de generosidade “morrerá” por ali, numa incondicional entrega ao prazer (…) recíproco.

Beijos e abraços

f.

Nota: (às vezes dá-me para rabiscar e partilhar), portanto este texto é apenas um comentário que espero que as minhas amigas não o tomem como uma prespectiva "máscula" e reprovadora dos ventos sociais e politicos que estimularam as mulheres na luta pela sua emancipação e que hoje se revelam seres de uma Natureza, proventura mais conflituosa mas mais enriquecedora, e a quem admiramos.

quinta-feira, 1 de julho de 2010

A assimetria da dor

...é revoltante a assimetria geográfica da dor neste Mundo; Deus esqueceu-se seguramente do Oriente, lá onde a sua incontestável "ordem" não está em perigo.
A sua preocupação é desde à muito, o Ocidente que pelas ideias transformou também à muito a sua ordem numa nova ordem, onde ele é cada vez mais invisível e mais convictamente substituível por uma outra ideia de justiça e sobretudo por um hedonismo da descrença

f.



sexta-feira, 25 de junho de 2010

José Saramago , um lúcido transgressor

Em memória de um lúcido transgressor que gostava que com ele pensássemos. Era assim, de cada vez que o lia, que entendia Saramago.
(...) Saramago era de facto um ético intransigente contra tudo e contra todos os que fomentavam a pobreza e a injustiça, mas era sobretudo um transgressor de sublime imaginação e de corrosiva ironia contra as pérfidas convenções e as falsas doutrinas que, amarraram a Civilização à Igreja e os Estados ao Liberalismo selvagem que tantas injustiças e crimes cometeram e cometam contra as pessoas (...) e pela sua denúncia e pela sua intervenção nunca lhe perdoarão.

Mas ter-nos-á sempre a nós. Os que continuamos a gostar dele.

                                           f.

segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

Opinião


A propósito desta canção/inquietação de Alanis Morissete

Evidentemente que, sem com esta minha observação pretender desmerecer a denúncia associada às imagens é pertinente perceber que estas embora legitimas, são as inquietações de quem sente que a acumulação da riqueza, que lhe é permitida, é exagerada e até ofensiva para quem, por "sorte/acaso", lhe tocou viver num inóspito, ou subalternizado país por esta Ordem Mundial.
Tenho, por isso, que fazer um tremendo exercício de auto reflexão e fé, que torne abstracto o abraço de conforto do meu, já desgastado sofá, do ar de qualidade QB que respiro e das (longínquas) realidades como estas que me chegam na forma mais higiénica das notícias, através do comércio das imagens que a despudorada TV coloca em minha casa apenas como tal. Sem apelo mobilizador. Sem indignação, por rótulo, que balance o meu solidário e humano dever de ajudar a fazer justiça. Pelo contrário, estas imagens, tão só como informação, têm um efeito perverso sobre a minha humana compaixão. Sim. Não é nenhuma alarvidade o que afirmo.
Pensemos um pouco no efeito psicológico que estas terríveis imagens dos deserdados de Deus e da Sorte têm sobre os "humildes fruidores de migalhas", que somos a maioria de nós, da riqueza que produzimos.
Em consciência, laudos de Graças se desprendem da Alma, da nossa, rumo ao céu, onde o Criador Sentado, crêem alguns, deixou cair uma delas, para este lado do Mundo que nos protege,"por enquanto", dos apocalipses e das trevas depois do Sol. A morte é cada vez mais uma ideia "ausente" da maioria dos quotidianos. E a revolução, ou mais exactamente para não chocar democratas convictos, as profundas reformas na social justiça, quando exigidas ou simplesmente mencionadas, são blasfémias em mentes desadaptadas, com o pérfido desejo de vomitar no prato das lentilhas, num desafio irresponsável á Sorte.
Assim que: à parte das expectativas sobre a reforma do Código do Trabalho e das ânsias, durante o processo negocial da tabela salarial, sempre com direito à contestação em frente de uma cerveja e, com a possibilidade, enorme, de mudar a conversa para o futebol, se os pontos de vista estiverem em rota de colisão; Tudo vai bem. Porque a ideia de mudança está inscrita no devir e o Tempo é inexorável na sua marcha. E assim acreditamos que é. Desde Heraclito, passando por Camões, para chegarmos aos lentos, muitos lentos, reformistas sociais de agora. Mas a malta aguenta. Que remédio. As mentes, as brilhantes, nada conhecem melhor  que esta democracia. A representativa. Esperemos pois que a vontade de mudança nos mobilize para pensar, outra modo de democracia e, a sua concretização.
É portanto como cidadão, envolvido na expectativa da política e dos seus efeitos imediatos na minha, na nossa vida, que recebo estas imagens. E, é no relativo conforto do lar que eu, que a maioria dos ocidentais cidadãos as digere, enfraquecidos no seu universal humanismo e desmobilizados para a justiça da redistribuição da riqueza no Planeta Terra.
E,esta é a postura que me inquieta porque sinto que,  cada vez mais, me estão a transformar para além do que eu pensava admissível. Mesmo quando por um exercício de relativismo tento aceitar os contraditórios sentimentos que me atravessam e reflectem o meu ser e o meu estar de Europeu e Ocidental alienando-me cada vez mais.
E ter disso consciência penaliza-me.

Beijos e abraços

f.

domingo, 10 de janeiro de 2010

Sobressaltos ...

Num Segundo o sol cai a pino
Os Horizontes cerram-se
Os rostos contraem-se
As mãos tocam-se
Os peitos estilhaçam-se
A palavra falta
O silêncio é de estranhos
E, o afecto resvala para parte incerta

Os sonhos continuam sem abrigo,
pendurados no olhar
de nariz esborrachado
contra a transparência vazia
                                           grávidos de realidades,outras


                                           Ilusões,
                                           Atazanando a Alma,
                                           Salpicada de suplícios
                                           Num tempo eterno que lhe concederam
                                  
                                           f.

sexta-feira, 1 de janeiro de 2010