quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Rui Unas e a sua "palhaçada" com pretensão a humor.


(...)a meu ver o mérito desta "brincadeira" reside no excelente e difícil, penso eu, trabalho de sincronização. O texto é uma aberração humorística. Que falta de imaginação. Que vulgaridade. Neste texto não se troça de nada: nem das opções pedagógicas da política de educação, nem das escolhas efectivas para implementar essa política. E muito menos se fala da tão polémica necessidade da educação sexual nas escolas. não porque os adolescentes não saibam como agarrar-se e estimular com prazer as suas zonas erógenas, porque essa experiência, é tão natural, passe a publicidade, como a nossa sede.


A fisiologia do sexo, se não houver inibições o mutilações impeditivas, despertará, neles e nelas as "comichões" e convidará às "transgressões" dos altares, até então, virgens dos jovens descobridores dos prazeres de Eros. E se as expectativas, por qualquer fantasia sonhada, ou “comparada” não se cumprirem , alguma cumplicidade terá nascido entre eles e elas, que fará com que busquem, e aprendam como construir o seu prazer sexual.

Se o propósito da, educação para o sexo, fosse substituir a natureza e o instinto sexual era não só, do meu ponto de vista, uma aberração pedagógica e, mais grave ainda, seria uma intromissão nas manifestações mais íntimas do individuo, e uma tentativa condenável e perigosa de "formatar" por teoria a abordagem sexual dos adolescentes, inibindo e conflituando com as idiossincrasias sexuais e emocionais, e com a liberdade dos indivíduos, rapazes e raparigas, no seu direito mais elementar à expressão e realização livre da sua sexualidade.

Mas descansemos que, tanto quanto eu sei pelo anuncio e pelo debate à volta deste programa a educação proposta visa sobretudo:
-na sua pedagogia, dar a conhecer, numa abordagem sumária a anatomia dos órgãos  sexuais, cuidados e higiene.
-uma fisiologia da sexualidade que incide sobre o estímulo sexual e os seus efeitos.
-uma ética das relações e da sexualidade
-e o que penso ser o item mais desenvolvido e que versa sobretudo a prevenção das doenças por transmissão sexual.

Porque é exactamente pelas consequências que o aumento exponencial das relações sexuais tem tido na transmissão de doenças graves que, a necessidade de uma pedagogia para a sexualidade apareceu e passou a integrar o processo educativo nas escolas, com todas as resistências e malformações que todos conhecemos. Mas que independentemente de se concordar, na prática, com as respostas, tem mérito por si só como iniciativa. E isso é uma outra questão que não é objecto deste meu comentário.

O objecto deste texto é o humor, pelo humor, a palhaçada do Rui Unas, exposta em vídeo, resultado de um preconceito político ou pior, pretender dar sinal de si, para não cair no esquecimento como "humorista ???" e produzir chacota, palhaçada, em vez de humor.

A mim sempre me disseram que o humor era uma forma superior de critica precisamente porque é como o dois em um: elucida e faz rir ou sorrir. Mas humor não é boçalidade. Não é, como neste caso referir uma já estafada felação, pelos canais e revistas de sexo, pelos filmes porno, e até mesmo pelos consultores que proliferam nos áudio-visuais em rubricas, algumas pseudo pedagógicas, sobre a distintas e mais arrojadas performances sexuais. Acreditam que um felattio, vulgarmente um broche, pode surpreender a maioria dos adolescentes enquanto prática preliminar da sexualidade ??? e que os tabus relativos a estas e outras performances por força da sua actualidade já não se estilhaçaram e constituem (agora) apenas a sombra de um fantasma da moral em grupos de adolescentes, e  de adultos mais conservadores???  Se este humorista??? pretendia ver reconhecido o valor sexual desta pratica para o êxtase da relação em nada contribui. 
O seu contributo não é (para mim) nada engraçado.

 No seu afã de reduzir a educação sexual à felação seria interessante com criatividade explorar humoristicamente a situação como exagero da pedagogia do programa do governo de educação para a sexualidade. Pobre, ficou-se pelo acto de chupar. Isto é; ficou-se sem graça pela repetição exaustiva do acto de chupar  e lamber que de vez em quando lembrava que tinha que ser muito e bem. Espero que não tenha ficado cansado e que tenha ele próprio apreendido com a suas leções (não lições) de chupa-chupa.

É óbvio que com detractores assim e ainda por cima com a pretensão a fazê-lo com humor não há iniciativa politica, esta ou outra que por mais controversa e mal concebida que seja não ganhe adeptos. Ou no mínimo estimule a discussão salvando-a da indiferença. O exemplo é este meu comentário que, provavelmente, não teria sido escrito se o mau gosto desta peça não me acicatasse a critica.

E tu Zé desculpa se com o envio deste vídeo não me provocaste o riso mas o escárnio.

f.

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Paulo Coelho; uma visão sobre o Corpo Feminino


Uma Visão de Paulo Coelho sobre o Corpo Feminino, que é possível constatar a partir deste link e sobre a qual entendi escrever um comentário.

https://docs.google.com/present/edit?id=0AbuocLTmgvFZZGZiemNxM2NfNDU4a3FkM2hr&hl=en


O Corpo Feminino por Paulo Coelho;  para mim uma visão redutora da mulher como objecto sexual na perspectiva do escritor  Paulo Coelho. E não me estranha este tipo de discurso reaccionário disfarçado de bondade e solidariedade. Em boa hora que depois de ler um , creio que o primeiro, dos seus livros, O Alquimista, me elucidei desta enganadora natureza do Homem e do escritor, "rebuçada", nem sequer com uma eloquente prosa, mas com as muitas palavras que um escritor conhece, para em sugestivas propostas ao mesmo tempo sedutoras, explorar as fraquezas humanas evidentes nas sociedades actuais: solidão, desorientação, incompreensão dos tempos, embalando os seus leitores, salvo seja, em propostas para a aceitação resignada de um destino particular que, parece querer fazer acreditar-nos que vem com cada um de nós, como uma marca na auréola em qualquer produto de mercado, para atestar o seu criador.

E agora vem propor-nos um modelo feminino de mulher, assente numa anatomia de guitarra, curvilínea, e proporcional. Diz este sábio "as magrinhas são uma invenção de estilistas gay que odeiam as mulheres que com eles competem", mas que sentimento mais distorcido. Então e aquelas que por natureza nada fazem para ser magras e são??? ... só por acaso, na enviesada perspectiva deste escriba podem ser belas??? E não lhe ocorre que existem outros homens que gostam da feminilidade e sensualidade nas magras e que lhe encontram a proporcionalidade que remata em beleza, sem recheios e curvas balzaquianas ??? E então, o que ele diz sobre as saias!!! Que foram inventadas, incorporem-se nesta ideia, para que as mulheres deixassem ver as pernas. Para este paradigma as saias das muçulmanas não contam. Nem as das ciganas. Nem as das indianas. Que, só deixam ver as pernas em dias de ciclone. Tolera-se, esta perspectiva mais cristianizada do objectivo das saias, que é a sua. Se o (seu) Deus assim o quis!!!

Para mim que sou de História, nunca me foi servida tal perspectiva. E ainda bem que não estive exposto a esse perigo. Noutras perspectivas creio que objectivo primeiro das saias foi o de proteger a nudez contra as intempéries. A questão moral só chegou mais tarde. E esta de ordem estética chegou-me agora no séc. XXI. Quando eu já sou homem.

Questiona-se Paulo Coelho, nesta sua elevada reflexão, porque optam as mulheres pelo uso das calças quando poderiam vestindo saias sensualizar a sua aparência para os homens. Meu Deus, que sou ateu, quanta estreiteza de espírito e quanto machismo. Então as mulheres vão deixar de sentir-se confortáveis, protegidas do frio, de estar em concordância com a sua opção estética, apenas porque existem homens a quem devem mostrar as pernas porque, em parte, é esse o desígnio deste "bocado" da sua anatomia.Sensualizar os homens.

Mas vai mais longe, o escriba destas ideias, nesta sua bondosa apreciação acerca do modelo feminino ideal, que não se esgota na sua mortal predestinação de agradar ao homem. Esvaziada da sua vontade a mulher, tem no homem, o seu derradeiro objectivo estético, o seu modelo de imitação. Por isso quer assemelhar-se a ele. Tenho pena de discordar mas continuo a não ver grande semelhança entre homens e mulheres vestidos com calças. Distingo-os na perfeição. Até de olhos fechados, só pela vibrações.

Depois deste raciocínio, nós os homens podemos descansar porque não se vislumbra nestes desvios comportamentais das mulheres, nenhum de índole, reivindicativa, e muito menos revolucionária. Deus não dorme e por isso podemos estar descansados que estes "caprichos" da fêmea, não ameaçam a nossa masculina influência nas regras da organização, direitos e deveres das sociedades. Sobretudo naquelas de língua portuguesas. Já que é este o idioma em que o iluminado Paulo Coelho escreve.

Nesta certeza catedrática de demonstrar a bondade do seu modelo feminino esqueceu-se este iluminado escriba que existem mulheres que também gostam das pernas de outras mulher. E não só!!!E para quem é indiferente, literalmente assim, que os homens olhem ou não para as suas pernas. O frissom vêm de outros olhares e por outros caminhos.

É assim que disfarçado com a eloquência das palavras, se percebe, a ideia de que o objectivo da criação da mulher, por Deus, foi para (prazer) do Homem. Assim sendo, afirma este iluminado que: "a mulher é a prova de que Deus existe". Então e o Homem é a prova de quê ??? Da encarnação de Deus. *oda-se

Justifico esta exclamação porque teses como esta servidas de evangélicas bondades, têm o perigo de ser "engolidas" por alguém (por muita gente) e disseminarem-se como verdades. Porque insisto, disfarçadas de boa vontade, enfeitando a crítica de divinos propósitos, revelam princípios que utilizados em outras matérias da nossas vida social e politica podem, não diria por em causa, mesmo nesta imperfeitíssima democracia, a liberdade de expressão, mas intuo que dariam mais força a muitos defensores de entidades modelares que devem no seu entender constituir o farol dos tempos contra a pluralidade das ideias que vieram com as democracias e cuja liberdade confunde muita gente.

Por fim e ainda acerca deste PPS, montado a partir desta ideia do escriba Paulo Coelho, atestar que na sua alucinada visão sobre a mulher um raio transgressor de lucidez levou-o a dizer que " a doçura feminina é equivalente a mil viagras" e que eu sublinho, mas  acrescento, sem desprimor para o Viagra, na defesa dos homens, sobretudo dos mais velhos e outros afectados pela "ociosidade" do órgão, chamemos-lhe assim, para não ferir sensibilidades, que o futuro e o destino não conhecem. Faço-me entender!!!

Beijos e abraços
f.