quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Amizade e virtuais contactos


(escrito em 29 de Abril de 2009, como resposta á questão de como seria o Mundo sem amizade)
  … Sem amizade (sincera) a vida seria um buraco negro cega de afectos e com um Eros mutilado pelo impulso sexual(...) mas uma vida que (pode adivinhar-se) possível a prazo

(escrito em 1 de Maiol de 2009, como resposta á questão  " como me imaginas")
... Imaginar-te a partir das trocas de recados que tivemos, só poderia resultar num perfil saído de uma primeira consulta de psicologia, de um esboço diagnosticado por um consultor após uma entrevista para um emprego, de um sentimento simpático por um sorriso matinal que se esboçou, no entretanto, dos (nossos) sentidos que se cruzaram pela tua entrada e a minha saída de um café, onde rotineiramente as bicas nos esperam, como alento para mais um dia de trabalho, etc , etc, etc, ... sei tão pouco de ti, mulher, que só por um exercício de masoquismo e por algum virtual despeito, que não existe relativamente a ti, poderia arriscar a imaginar-te, tu que dás (vida real) ao nosso virtual contacto.
Imaginar, adjectivar, como tu fizeste sobre mim, diga-se, no exercício e no conforto que a liberdade virtual te confere, não o farei,... estou constantemente a ser interrompido que ainda me repito na prosa que te escrevo. Se acontecer, não leves a mal, - dizia eu que não farei esse mesmo exercício para corresponder à tua curiosidade e para deleite do teu ego, sem ofensa.
Todos temos este fetiche de querer saber o que os outros pensam de nós, como nos imaginam, para reforçar a nossa auto-estima, e para aferir, de algum modo, o significado das nossas opções, mas também porque a alma gémea, essa recorrente aspiração que nos vem do desejo de ser feliz pela justa medida em que a harmonia deve de ser a sustentação dos afectos, do amor que nos apoquenta a existência, e que aqui, no virtual contacto, pode estar do outro lado á distância de alguns fotões que se traduzem primeiro em informação depois em afecto.
... mas como diz Joaquim Sabina que eu respeito e por quem tu te enamoras-te, "que no te vendan amores sin espinas"... este foi um aparte, creio que estou a sair do objectivo da tua pergunta.
Voltando à questão que é a de corresponder à tua curiosidade para saberes como te penso/imagino, dir-te-ei que alguma coisa te desajusta do quotidiano, das sociedades, do microcosmo dos teus amigos e que na poesia, na escrita por ti, e na que lês de outros poetas procuras algo me mais "substancial, de mais essencial" que dê razão a um sentir que se choca com a materialidade de um quotidiano que parece inquietar-te a vida; talvez porque essas inquietação representem a necessidade e a "convicção" de que a vida, a que tu entendes mais plena, esteja para além destes fluxos quotidianos, da organização das sociedades ocidentais onde tudo se elabora, numa lógica de mercado, pronto a consumir, como contrapartida pela colaboração profissional numa empresa e pelo acto de votar para animar o sistema. A distância no sentido mais poético e mais afectivo instalou-se porque aparentemente sobrevive-se (sem estar presente, o amigo, o amor, a participação) – todo este espaço é muito preenchido por outras muitas coisas que se podem fazer sozinho.
Almas, como a que humildemente penso ser a tua, com alguma saudade (da sua vida) pela proximidade à poesia que revelas, são imensas, e só por esta, chamemos-lhe circunstância me permito esta "generalização" ... O mais sobre ti nem a idade me atrevo a calcular ainda que a adição de (20+25) não me pareça difícil. Tudo o que, pouco consubstanciado nos nossos recados, eu me atrevê-se a criar/imaginar acerca de ti só poderia ter acontecido num exercício de escrita, e na tentativa de "ajustar-te" a um qualquer estereótipo, com dois ou três detalhes que eu gostaria que lá estivessem. Mas por enquanto nenhuma ninfa me visitou a propósito ...

Mulher de (+ ou -) 45 anos, à procura de qualquer sentimento que não seja intenso... etc, etc, etc

Os beijos que entenderes tomar, em dose, para te satisfazerem hoje

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