terça-feira, 7 de julho de 2009

Café de Flore; Um pouco de História


O Café de Flore, inicialmente um café de poetas e mais tarde de filósofos, foi inaugurado em 1885 e deve o seu nome, à deusa da Primavera, de nome "Flore" representada numa escultura do outra lado da Boulevard de Saint German du Près.
No ano de 1913 o poeta Guillaume Apollinaire que vivia na Boulevard de Saint Germain des Prés era um dos seus assíduos frequentadores tal como outro poeta, Salmon. Ambos tranformaram este local no seu espaço de escrita e reflexão. Assim nasceu a revista "Les Soireés de Paris".
Em 1917 este espaço iria ser "cúmplice" no aparecimento do grupo Dadaista, e palco privilegiado das tertúlias pautadas por grandes discussões entre Aragon e André Breton defensor e fundador do movimento surrealista.
Nos anos 1930, a elite literária de Paris "muda-se" para o Café de Flore: Léon ,Paul Fargue, Raymond Queneau, Michel Leiris, Georges Bataille, Robert Desnos. Ao mesmo tempo os "habituées" de Montparnasse: Derain, os irmãos Giacometti, Zaskine e até Picasso.

Esta particular atmosfera também não passaria despercebida à gentes do cinema. Michael Carné e o actor Serge Reggiani passam a frequentá-lo.
1939 seria o ano de ouro deste espaço germainpratin*. Paul Boubal, o seu proprietário sabia como atrair os grandes intelectuais ao seu espaço. O "couple" Satre-Bouvoir tem aqui espaço social reservado para reuniões. Sobre o Flore, Sartre escreveria o seguinte: "Estamos aqui sediados desde das nove da manhã ao meio dia. Aqui trabalhamos e comemos. Ás duas voltamos para continuar a tertúlia com os amigos até às oito.Depois de jantar recebemos pessoas para entrevistas e conversamos. Pode parecer-vos estranhos mas o Flore é a nossa casa."


Nos anos 50 e 60 passaram por este espaço que se tornou um icon em Paris actores como Jane Fonda, Jane Seberg, Roman Polanski, Marcel Carné. Brigitte Bardot, Alain Delon, Losey e Belmondo) e os cantores (Juliette Gréco, Boris Vian).Ainda hoje na esplanada do Flore se pode estar aprazívelmente sentado à espera que a manhã desponte e com um pouco de sorte "dar de caras" com Jonhy Deep, Jack Nickolson, ou com outra qualquer noctívaga alma das letras ou do show business.







*Germanopratin, é um adjectivo referente aos residentes no bairro de Saint Germain des Prés em Paris.
Alguns anos depois da Libertação de Paris, surge o termo germanopratin associado a circulos existencialistas, neste bairro parisience, passando a designar também um modo de vida. Nestes agitados anos do pós guerra este termo generaliza-se a todos aqueles que procuram este quartier pelo modo como a vida se expressa; em festa e pela noite fora.

1 comentário:

  1. 172, Boulevard Saint Germain, 75006 Paris

    O "confis de canard" é soberbo, recomendo-o.
    Bom apetite

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